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Aviões doados à segurança abandonados em aeroporto

Correio do Estado
Helicóptero confiscado em 2007 e doado ao Estado de MS.

O juiz federal Odilon de Oliveira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande (especializada em processos de lavagem de dinheiro), está denunciando o abandono das aeronaves doadas a Mato Grosso do Sul para as operações de segurança pública. Ele revelou que a Justiça já cedeu 13 aviões ao Estado, mas até hoje esses aparelhos não cumpriram as suas finalidades e estão praticamente sucateados, sem condições de utilização, entre eles um jatinho e um helicóptero.

 

 

Na última semana, após audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde se discutiu a insegurança nas fronteiras com a Bolívia e Paraguai, Odilon de Oliveira entregou à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania uma lista de aviões até agora repassados a Mato Grosso do Sul e que não chegaram ao trabalho de patrulhamento da fronteira, como era proposto, ficando abandonados no hangar do Estado, no Aeroporto Internacional de Campo Grande.

 

 

De acordo com o magistrado, atuante em região de fronteira há 30 anos, Mato Grosso do Sul, em relação ao número de habitantes, é o Estado com maior quantidade de aeronaves praticamente sem emprego algum no combate à criminalidade, principalmente, se levar em consideração o fato de ser porta de entrada do tráfico de drogas, armas e contrabando, via Bolívia e Paraguai.

 

 

FROTA- O juiz disse que das 13 aeronaves nos últimos anos oferecidas ao Estado, sete delas foram cedidas pela Justiça Federal, entre eles um jatinho Gulfstream GII, prefixo PT-EMS. Dois aparelhos foram repassados pelo Conselho Nacional de Justiça e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).

 


Segundo Odilon de Oliveira, são bens avaliados em mais de R$ 15,7 milhões. Na lista encaminhada à CCJ da Câmara dos Deputados, Odilon de Oliveira citou um Cessna 182, PTJDF, sétima aeronave da frota estadual, cedida pela Justiça Federal. O avião sofreu um acidente em 2012. Está sem uso desde junho do ano passado e não foi realizado inquérito técnico para apurar as causas e circunstâncias do acidente. O magistrado lembrou, ainda, o Baron 56 TC, PT-KPG, doado pela Justiça Estadual de São Paulo, com a chancela do CNJ, e que está sem uso desde março de 2012.

 


Já o Baron 58, PR-FPG, também doado pela Justiça Estadual de São Paulo, seria empregado em serviços aero médicos, inclusive com convênio firmado com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), e nunca realizou um resgate. Hoje a aeronave atende ao governador do Estado.

 

 

HELICÓPTEROS - Odilon de Oliveira destacou que em 2011 o Ministério da Justiça comprou e também entregou ao Estado o helicóptero PT-GMS, de última geração, B3, de fabricação francesa, por R$ 6,6 milhões, também sem nunca ter voado. O juiz frisou que esse aparelho poderia estar sendo empregado na repressão aos crimes transfronteiriços, inclusive o tráfico.

 


Ele citou que em 2007 a Justiça Federal em São Paulo cedeu ao Estado o helicóptero de prefixo PTHBM, que não voa desde 2010, estando abandonado no hangar do aeroporto de Campo Grande. O aparelho, um Bell Jet Ranger, foi confiscado do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia e praticamente "não saiu do chão”. Foram realizados com ele apenas alguns poucos voos iniciais.

 


Jacini cita complexidade da manutenção


O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini, chamou a atenção para a complexidade da aviação, destacando que não se trata apenas de procedimento de passagem ou aquisição de aeronaves. Segundo ele, na própria segurança desse tipo de serviço são levados em conta, entre outros fatores, a manutenção dos aviões e ainda a capacitação de pilotos. Ele esclareceu, no caso do helicóptero Esquilo, que esse modelo foi entregue sem atender às especificações da licitação. Em decorrência disso foi feita uma representação formal contra a Helibrás, que posteriormente promoveu a adequação. O aparelho retornou ao Estado há pouco mais de duas semanas, aguardando-se os trâmites burocráticos. Indagado sobre o helicóptero confiscado do traficante Juan Carlos Abadia, o secretário de Segurança revelou que se trata de um aparelho antigo, que hoje vale cerca de R$ 1,5 milhão. Ele tem uma peça que precisa ser substituída e o seu custo é aproximadamente R$ 500 mil. “Estamos tentando ver se conseguimos essa peça em melhores condições de preço, pois no valor que nos foi apresentada é quase inviável, considerando o custo do próprio helicóptero”, justificou. Jacini destacou que muitos aviões são antigos e quando chegam às mãos da Segurança para uso a mecânica acaba invibializando.
 

 



Fonte:Correio do Estado


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