Tempos de violência
O mês de julho antecipou o de agosto na fama de cachorro louco em Campo Grande e no Brasil, ao ponto em que diversos crimes horrendos ocorreram e a sensação da sociedade é de pura catarse, ou seja, a apatia se mostra no ar. Assim como na corrupção, que assola o Brasil inteiro com intensidade cada vez maior, e não leva o povo brasileiro nas ruas como outrora, a violência tem se tornado tão recorrente que as pessoas apenas têm lamentado e não se indignado.
O ex-vereador Silveira e a esposa, o menino Kauan, a musicista Mayara, dois homens executados e o motorista do Uber gravemente ferido, são exemplos de violência extrema, crimes que contém mais da metade das tipificações do Código Penal brasileiro. Algo está errado, não se pode admitir a repetição de tragédias como essas, está na hora de exigir uma resposta do poder público à altura. E essa reposta começa pela sociedade, pedindo providências, há a necessidade de mais estrutura para a segurança pública, com polícias equipadas e policiais motivados, há o desafio da educação permanente e da saúde de qualidade, da mesma forma que as oportunidades de trabalho devem ser concedidas de forma igualitária.
Também, de nada adianta a punição generalizada, entupindo presídios que se cursam a universidade do crime, onde se entra como um simples ladrão de bicicletas e sai um latrocida envolvido com uma gama de criminosos, como numa rede social. Por outro norte, não se pode banalizar que bandido bom é bandido morto, na fala de que só se pode vingar com sangue, obviamente os crimes estarrecedores causam, principalmente aos mais próximos das vítimas, essa sensação. É necessário ir além, tocar na ferida, primeiramente garantir a incomunicabilidade dos presos com o mundo externo, e depois realmente haver o trabalho de ressocialização, pois não se esqueça que como não há pena de morte no Brasil, um dia aquele que está preso retorna ao bojo da sociedade, e é melhor alguém ressocializado do que um versado no mundo do crime.
Se não buscarmos uma saída, não há o que fazer, pois a violência já invadiu a nossa casa e nos atingiu. Chegou a hora do basta, das pessoas de bem se unirem pelo estado brasileiro, e negarem a crise moral. Se faltam exemplos de virtudes na política e no noticiário brasileiro, então sejamos nós esse exemplo, para nossos filhos e as futuras gerações.
Giancarlo Corrêa Miranda
Bacharel em Direito e pós-graduado em Gestão em Segurança Pública.
Escrivão da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul.
Presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Mato Grosso do Sul – Sinpol/MS.