Suspeita de tuberculose gera clima de tensão na Delegacia de Chapadão do Sul
Não bastasse a sensação de abandono institucional dos policiais civis de Chapadão do Sul o clima de tensão entre os presos começou a ficar insustentável devido à precariedade das acomodações e a suspeita de um preso com início de tuberculose no mesmo ambiente dos demais 12 ocupantes do espaço construído para apenas oito pessoas. Todos correm risco de contaminação, inclusive os funcionários que ocupam o prédio cada vez mais fétido.
Somente após um mês de tentativa para falar com algum delegado, tivemos acesso às celas para confirmar as denúncias de condições sub-humanas feitas por parentes de apenados. Além do caso suspeito de tuberculose outros dois precisam de médico devido às manchas nos pulmões e o risco de infecção pós-cirúrgica.
Antes de chegarmos aos presos mostramos a precariedade da delegacia, onde nem um simples vaso sanitário funciona e o delegado desconversa quando o assunto é assumir o comando.
J.C.S.A. é o jovem com sintomas de tuberculose. Ele cospe sangue e está encatarrado. Pode estar contaminando todos os 12 companheiros porque a disseminação pelo ar é uma das formas de proliferação desta grave doença, erradicada em vários países. Outro aliado da bactéria da tuberculose é a falta de luminosidade da cela e a miséria. A catinga proveniente das cobertas molhadas pela água que sai da latrina também é insuportável para quem chega porque quem está preso acaba se acostumando.
Comida com qualidade questionável, superlotação, falta de higiene e morosidade nos processos fazem parte do cotidiano do sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul e do Brasil. Já o convívio com uma pessoa portadora de doença infectocontagiosa não é tolerado nem mesmo por presos. J.C.S.A. já coletou saliva para análise, mas faltam ainda as demais etapas de exames que emperram na falta de efetivo para os encaminhamentos ao hospital.
A ausência de material de limpeza e os constantes entupimentos da latrina também são problemas que atestam a decadência do sistema carcerário e afetam a tranquilidade da delegacia. O “banho de sol” é tomado uma vez por semana, obrigando os prisioneiros a permanecerem no ambiente insalubre a maior parte do tempo, sem visitas íntimas. A única proximidade dos familiares é um aperto de mão do lado de fora das grades.
Fonte:Site Chapadense News
