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Segurança pública padrão Fifa

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Começa o espetáculo: nós todos, brasileiros, nos sentimos orgulhosos pelas manifestações que varreram o País no mês de junho.

Exceção a algumas reivindicações pontuais, todas são de extrema relevância. Educação, Saúde, Transportes, fim da Corrupção. Estranhamos, entretanto, e salvo engano, a ausência de apelos sobre a Segurança Pública. A minha, a sua, a nossa segurança. Pedimos desculpas pelo pragmatismo do raciocínio: pouco importa a excelência na Educação, Saúde e Mobilidade Urbana se não tivermos vida.

Leis mais duras, melhoria de condições salariais e armamento aos policias se fazem urgentemente necessários.

Ato 1. A seleção brasileira oi escoltada por centenas de policiais, viaturas com sirenes ligadas, helicópteros, em seu deslocamento do aeroporto ao hotel no Rio de Janeiro. Protegeram também certos passageiros de aviões da FAB.

Ato 2. A Força Nacional de Segurança é deslocada para Fortaleza e Salvador para proteger as delegações d futebol de Uruguai, Espanha, Itália e barrar manifestantes que protestavam contra os gastos nas Arenas Fifa.

Ato 3. Em abril deste ano, o menino Kauan foi morto em sua casa, em Campo Grande, por um adolescente de 17 anos, conforme ampla reportagem do Correio do Estado. Junto ao corpo foi encontrado um frasco de inseticida. Foi usado pelo menino em sua ingênua defesa. Desenhos de super-heróis?

Ato 4. Na última quinta-feira de junho, o menino Bryan, de cinco anos, foi morto com um tiro na cabeça em assalto em sua casa na periferia de São Paulo. Motivo do crime? Chorava e suas últimas palavras pediam pela sua vida e pela vida de sua mãe. Não foi atendido. Últimas palavras de um menino que deveria estar brincando e estudando. Está no cemitério.

Ato 5. Agora, pouco importa a Kauan e Bryan, educação, saúde e mobilidade urbana. Não somos favoráveis às medidas radicais como a adoção de pena de morte. Pedimos rigor, tolerância zero, aos criminosos. Alguém condenado a 30 anos por crime hediondo que cumpra sua pena integralmente.

Bom comportamento na prisão? Nossos parabéns. 30 anos de prisão. Cometeu delitos, usou celular, participou de rebelião? Acrescentem-se anos em sua pena. Uma progressão às avessas. Podem pensar que nossas penitenciárias não oferecem condições de educação e reinserção dos presos à sociedade.

Concordamos. Mas agora já não é bem um problema nosso, nem do Kauan, nem do Bryan. Quem deveria mudar e endurecer as leis contra bandidos pouco se importa, porque políticos, magistrados, legisladores contam com um bom aparato pessoal de segurança.

É indecente um país que não oferece segurança ao seu povo. Vamos incluir em nossas próximas manifestações a segurança pública.

Os futuros Kauans e Bryans agradecem. Podem fechar as cortinas.


 

Por Marco Antônio Aurélio de Assis - Editor do site www.mspontocom.com.br

Fonte: Jornal Correio do Estado
 


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