Mais da metade dos entrevistados - 61,3% - para a Pesquisa Nacional de Vitimização acreditam que os policiais militares fazem vista grossa para a corrupção de seus colegas de farda. O maior índice de desconfiança constatado pelo levantamento, encomendado pelo Ministério da Justiça e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ao Instituto Datafolha, foi registrado em Roraima (74,7%). O Estado do Rio de Janeiro vem em seguida, com 69,6%, acompanhado de São Paulo (61,2%) e também Minas Gerais (55,9%).

Com 53,5% dos casos de extorsão do país, as polícias militares do Rio (30,23% das vítimas), São Paulo, Minas e Espírito Santo lideram com folga o que poderia ser o ranking da cobrança de propina pelas PMs. Juntos, os estados fazem com que a Região Sudeste seja considerada a mais corrupta de todo o país. Pará e Pernambuco vêm em seguida, com 6,49% e 6,05% das vítimas, respectivamente.

Para a socióloga Julita Lemgruber, ex-diretora do Departamento do Sistema Penitenciário, o Rio tem um histórico antigo e grave de corrupção:

- Em alguns estados do Nordeste, como Alagoas, os níveis de corrupção na PM são muito altos. Não estou invalidando os números do Rio, nem acho que não sejam altos. Só acho que os números de Alagoas são baixos - disse, questionando a 12ª posição do estado nordestino no ranking da propina.

Comandante da PM carioca se cala

Ao ser procurado para comentar a pesquisa, o comandante-geral da PM do Rio, coronel Erir Ribeiro, preferiu o silêncio.

- Não tenho nada para falar - limitou-se a dizer.

O corregedor da corporação seguiu o mesmo caminho.

- Não posso falar nada. A corporação vai falar oficialmente - disse o coronel Waldyr Soares Filho.