Prudência nas estradas e na vida
Encontrar algumas metáforas para sinalizar caminhos, em momentos nebulosos, pode ajudar quando se trata de situações complexas, históricas e turbulentas, como há fortes indícios de que estamos passando.
Comparo o cenário político, econômico e social em que vivemos aos desafios que enfrenta um motorista ao trafegar na neblina.
São conhecidas as recomendações e as precauções para uma direção veicular mais segura em trechos sob neblina: reduzir a velocidade e aumentar a distância em relação ao carro da frente; acender os faróis baixos ou especiais e evitar ultrapassagens.
Sem imagens nítidas precisamos frisar as diferenças entre fazer muito e fazer bem feito, quando atuamos em grandes escalas, pois, com as manifestações de junho último, constatamos, metaforicamente, áreas de névoa nos transportes, na saúde, na educação, nas comunicações e nas finanças.
Nesta cerração, cresce na imprensa escrita e televisiva articulistas, autoridades e políticos citando nominalmente e ofendendo seus desafetos; adversários passam a inimigos. Quando isto ocorre todos perdemos pela falta de elegância e por darmos margem às múltiplas interpretações, produzindo violências gratuitas e nada edificantes.
Se continuarmos exigindo maior velocidade de profissionais que dirigem com pouca visibilidade e pistas molhadas, aumentaremos os riscos de colisões e tragédias, quer em julgamentos para falarmos do judiciário, quer em obras para citarmos o executivo e quer em normas específicas que competem ao legislativo.
Profissionais do ramo de informática dirão que a Nação brasileira, ao menos parte significativa, está funcionando no “modo de segurança”, outra preciosa metáfora, portanto, verifiquemos se as palhetas do limpador estão em bom estado.
Aprender a dirigir na neblina requer capacidade técnica e perícia para encarar situações ambíguas, incertas e conflituosas.
Se estivermos no meio do percurso, havemos de comemorar o que já vencemos e deixamos para trás. Devemos manter a concentração para concluir a travessia.
Os mais variados medos que sentimos têm ligação com a ideia de risco. Usar as marcações da pista ou as luzes traseiras do carro à frente para se guiar é o que podemos fazer até descobrirmos a que distância estamos de avistar novos e melhores horizontes.
Aprender é, essencialmente, recriar conhecimento como ação, como atitude e compromisso ético “aos que virão depois de nós” e o momento pede que se aprenda a dirigir no nevoeiro ou a funcionar no “modo de segurança”.
Líderes e servidores públicos devem identificar e satisfazer necessidades, nas quatro estações do ano e não apenas no inverno, visando resultados nas urnas da primavera, porque as pessoas querem muito mais atenção para o que dizem do que para o atendimento de suas reivindicações.
Contudo, um policial rodoviário recomendaria caso a neblina esteja muito espessa, pare o carro em um posto de serviços ou similar e espere a situação melhorar, independente do tempo de experiência do motorista.
(*) Ronilson de Souza Luiz, capitão da PM de São Paulo, mestre e doutor em educação pela PUC/SP, profronilson@gmail.com
Comparo o cenário político, econômico e social em que vivemos aos desafios que enfrenta um motorista ao trafegar na neblina.
São conhecidas as recomendações e as precauções para uma direção veicular mais segura em trechos sob neblina: reduzir a velocidade e aumentar a distância em relação ao carro da frente; acender os faróis baixos ou especiais e evitar ultrapassagens.
Sem imagens nítidas precisamos frisar as diferenças entre fazer muito e fazer bem feito, quando atuamos em grandes escalas, pois, com as manifestações de junho último, constatamos, metaforicamente, áreas de névoa nos transportes, na saúde, na educação, nas comunicações e nas finanças.
Nesta cerração, cresce na imprensa escrita e televisiva articulistas, autoridades e políticos citando nominalmente e ofendendo seus desafetos; adversários passam a inimigos. Quando isto ocorre todos perdemos pela falta de elegância e por darmos margem às múltiplas interpretações, produzindo violências gratuitas e nada edificantes.
Se continuarmos exigindo maior velocidade de profissionais que dirigem com pouca visibilidade e pistas molhadas, aumentaremos os riscos de colisões e tragédias, quer em julgamentos para falarmos do judiciário, quer em obras para citarmos o executivo e quer em normas específicas que competem ao legislativo.
Profissionais do ramo de informática dirão que a Nação brasileira, ao menos parte significativa, está funcionando no “modo de segurança”, outra preciosa metáfora, portanto, verifiquemos se as palhetas do limpador estão em bom estado.
Aprender a dirigir na neblina requer capacidade técnica e perícia para encarar situações ambíguas, incertas e conflituosas.
Se estivermos no meio do percurso, havemos de comemorar o que já vencemos e deixamos para trás. Devemos manter a concentração para concluir a travessia.
Os mais variados medos que sentimos têm ligação com a ideia de risco. Usar as marcações da pista ou as luzes traseiras do carro à frente para se guiar é o que podemos fazer até descobrirmos a que distância estamos de avistar novos e melhores horizontes.
Aprender é, essencialmente, recriar conhecimento como ação, como atitude e compromisso ético “aos que virão depois de nós” e o momento pede que se aprenda a dirigir no nevoeiro ou a funcionar no “modo de segurança”.
Líderes e servidores públicos devem identificar e satisfazer necessidades, nas quatro estações do ano e não apenas no inverno, visando resultados nas urnas da primavera, porque as pessoas querem muito mais atenção para o que dizem do que para o atendimento de suas reivindicações.
Contudo, um policial rodoviário recomendaria caso a neblina esteja muito espessa, pare o carro em um posto de serviços ou similar e espere a situação melhorar, independente do tempo de experiência do motorista.
(*) Ronilson de Souza Luiz, capitão da PM de São Paulo, mestre e doutor em educação pela PUC/SP, profronilson@gmail.com