MPL protesta em frente à Secretaria da Segurança Pública de São Paulo
Membros do Movimento Passe Livre (MPL) estão reunidos desde a manhã desta sexta-feira (30) em frente à Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) para protestar contra o que estão chamando de perseguição política por parte da polícia. Quatro deles se acorrentaram aos portões do edifício da SSP e outros deitaram na Rua Libero Badaró, que ficou bloqueada até as 14h. Cerca de 80 manifestantes protestavam no local. Os portões ficaram semiabertos, mas os manifestantes ficaram do lado de fora. Policiais militares vigiavam a região.
Os integrantes do movimento desejam falar com o secretário da pasta, Fernando Grella Vieira. Eles pedem o fim das intimações que alegam estar recebendo da Polícia Civil para prestar depoimentos a respeito de atos de vandalismo ocorridos nas manifestações de junho de 2013, quando black blocs se infiltraram no movimento. Além disso, o MPL acusa as forças de segurança de enviarem policiais às casas de seus integrantes para obrigá-los a depor.
Questionada pelo G1 se o secretário irá recebê-los, a assessoria de imprensa da SSP não soube informar. A pasta informou que a manifestação é pacífica e que respeita o direito à livre manifestação. Para a secretaria, o inquérito "está correndo dentro da lei".
MPL
“Não adianta nada bater na porta do secretário e amanhã a polícia continuar a ir as nossas casas”, disse Mayara Vivian, uma das lideranças do MPL em São Paulo. “É preciso que ele publicamente assine algo para esse tipo de perseguição da polícia política parar”.
Os membros do grupo alegam que as intimações são uma tentativa de inibir os protestos contra os gastos públicos com a Copa do Mundo.
“Estamos questionando os inquéritos de maneira geral, que estão criminalizando os movimentos sociais legítimos. É clara a ameaça que a polícia está fazendo a quem tenha mobilização política contra a Copa”, disse Vivian.
Os interrogatórios estão sendo feitos pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Segundo Mayara, delegados, escrivães e investigadores estão perguntando aos suspeitos se eles são filiados a partido e de qual movimento social participam. “Não sabemos quantos militantes do movimento foram intimados ou se já tem algum preso em São Paulo", disse Mayara. “Onde já se viu fazer pergunta de orientação política, se é contra a política vigente, se pertence a organização política?”.
Prisões
De acordo com o MPL, ativistas de outros estados, ligados aos movimentos por melhorias no transporte, foram presos recentemente em Porto Alegre e em Goiânia. “Por isso nós estamos adotando a postura de não irmos depor porque não reconhecemos legitimidade nesse inquérito", afirmou Mayara. “Mas temos conhecimento de que viaturas da polícia foram na casa de alguns para buscá-los. Isso é uma coisa arbitrária. É uma prisão política.”
No ano passado, após multidões participarem das passeatas, a tarifa do transporte urbano foi reduzida de R$ 3,20 para R$ 3. Também ocorreram ações isoladas de vandalismo e violência da Polícia Militar, com centenas de manifestantes presos.
O Deic instaurou inquérito para apurar o crime de formação de quadrilha e envolvimento dos suspeitos detidos. Além do MPL, também são investigados adeptos da tática Black Bloc, que consiste em reivindicar algo depredando o patrimônio público e privado.
“As detenções em junho passado foram inadequadas. Não se prende ninguém politicamente, principalmente detenções em massa, com centenas das pessoas fichadas”, disse Mayara. “Chegou a um ponto insustentável”.
O MPL programa para o dia 19 de junho um protesto em São Paulo para pedir tarifa zero.
Fonte:G1 SP