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Mortes na polícia civil. Até quando?

Esse ano de 2014 está sendo devastador para a Segurança Pública do MS. Já foram seis policiais mortos de modo bárbaro e cruel, sem mencionar os casos de suicídio de policiais civis que ocorreram nas últimas semanas. São situações trágicas e comoventes, cada um desses policiais deixou um legado para a sociedade e para os colegas de trabalho, ficou o reconhecimento de pessoas extremamente dedicadas ao serviço, que pagaram com suas vidas na luta contra a criminalidade e, no caso dos suicídios, revelou a faceta do estresse profissional que permeia o dia a dia na rotina desses trabalhadores incansáveis.

É notório que a atividade policial é extremamente perigosa, mas ninguém pode ser indiferente ao assassinato de um agente público. Infelizmente, morrer em serviço parece ter se tornado algo comum, quando na verdade deveria causar comoção popular muito maior do que a corrupção... E então me questiono: será que o escritor e filósofo italiano Dante Alighieri tem razão ao lembrar que as regiões mais sombrias do inferno estão reservadas àqueles que permaneceram neutros em tempos de crise moral? Temos mesmo que ficar de braços cruzados perante tal situação?

Os casos de morte também levantam outro questionamento: o investimento do governo estadual na Segurança Pública. Sem planejamento, sem atenção, as polícias estão desestruturadas, o que tem fortalecido a criminalidade diariamente. Diante disso, ficam interrogações:

Até quando a falta de contingente de policiais na luta contra o crime fará com que a sensação de insegurança seja permanente? Até quando haverá desvio de função no trabalho da polícia civil, ao passo que, ao mesmo tempo em que se investiga, tem-se de cuidar de presos nas delegacias, quando há apenas um policial no plantão, principalmente no interior do estado? Até quando teremos que ver colegas mortos pela omissão do governo em dar atenção à segurança pública? Até quando teremos que bancar super heróis, usando fardas e sem capa?

É preciso planejamento com eficácia no objetivo principal de reduzir a criminalidade, e isso é urgente, pois não podemos esperar mais oito anos...

Enquanto policiais forem vistos com indiferença e insensibilidade às baixas sistemáticas ( policiais mal remunerados e mal equipados), nem a vocação será suficiente para manter os homens de bem em seus postos. O silêncio é gravíssimo, uma morte de policial não pode ser comum. O comportamento estéril, tanto do governo como da sociedade de desconsiderar as instituições policiais e seus agentes, cobrará um preço alto no futuro e já está cobrando, em vez dos marginais estarem presos é a população que vive encarcerada.

Giancarlo Corrêa Miranda – Escrivão de Polícia e Diretor Jurídico do Sinpol - MS


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