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DIEESE divulga pesquisa da Cesta Básica para Campo Grande

O Escritório Regional do DIESSE(Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico) em MS, divulgou nesta quinta-feira(3), o resultado da pesquisa da cesta básica realizada mensalmente em Campo Grande. 

O coordenador do escritório do DIEESE em Mato Grosso do Sul, Jaime Teixeira, que também é Diretor Financeiro da FETEMS, salienta que a pesquisa realizada pela instituição, acompanha mensalmente na Capital a evolução dos preços de treze produtos de alimentação, assim como determina o gasto mensal que um trabalhador teria para comprá-los. 

De acordo com a economista, Andreia Ferreira,supervisora técnica do DIEESE, os dados compilados pela pesquisa da cesta básica voltou a apontar elevação nos preços dos alimentos. O trabalhador desembolsou R$ 286,15 para adquirir a cesta básica em setembro1. No mês de agosto, a quantia empregada foi de R$ 284,77 para adquirir os 13 itens que compõe a Cesta. 

A variação nos preços observada no mês de agosto, e que se repetiu em setembro, resultou em uma alta de preços da ordem de 0,48% no período. O produto com variação positiva mais expressiva foi a batata, e a manteiga o item com maior retração no período. 

Em ambos os casos, tais variantes foram as de maior destaque entre as 18 capitais pesquisadas.



Supervisora técnica, Andreia Ferreira e o coordenador do DIEESE, Jaime Teixeira (centro).  

Em 14 das 18 capitais pesquisadas pelo DIEESE, foi registrada redução no preço da Cesta Básica, com destaque para Aracaju (-5,36%). Campo Grande figurou novamente entre as capitais que registraram aumento de preços, assim como Curitiba (0,66%). Belo Horizonte (1,87%) e Recife (0,02%) integram as duas cidades em que houve aumento. 

Centro-Oeste
No Centro-Oeste2, o menor custo da cesta básica para os trabalhadores da região foi registrado em Goiânia, que apresentou uma diferença de R$ 28,16 a menor, em relação aos preços observados em Campo Grande. Em termos percentuais, a queda mais acentuada ocorreu em Brasília (-3,61%). 

Comprometimento do salário mínimo e do tempo de trabalho mantém alta 
Pelo segundo mês consecutivo, foi registrado um aumento no comprometimento da renda do trabalhador para aquisição da cesta. Foram 0,23 pontos percentuais a mais em relação ao oitavo mês do ano. 

Em termos percentuais, o empenho foi de 45,88% do rendimento líquido3 dessa renda na compra – contra 45,65% em agosto. O rendimento líquido é obtido ao descontarmos 8% do salário mínimo bruto. Esse percentual (8%) é referente à contribuição para a Previdência Social. 

A jornada de trabalho necessária para obter a cesta básica aumentou em 27 minutos neste nono mês do ano. Foram empregadas 92 horas e 51 minutos de trabalho para obter os 13 itens da cesta básica, contra 92 horas e 24 minutos em agosto. 


Custo da alimentação familiar 
Com a cesta básica familiar totalizando R$ 858,45, os campo-grandenses tiveram que desembolsar R$ 4,14 a mais no momento da compra, em comparação ao oitavo mês do ano, quando a cesta custou R$ 854,31. Proporcionalmente, não houve diferença no custo da cesta familiar atual com a do mês anterior, ou seja, ambas as cestas foram equivalentes a 1,26 vezes o salário mínimo bruto. 

Com uma unidade familiar composta por quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças – que, para efeitos de cálculo, são alimentadas como se um adulto fossem - o valor da cesta básica para a família é obtido ao triplicarmos o valor da cesta apontado na pesquisa mensal. 

Salário mínimo necessário tem nova redução 
Princípio legal de referência para a elaboração mensal da pesquisa da cesta básica do DIEESE, o Decreto Lei n.º 399/1938 estabeleceu que o salário mínimo no país Brasil alcançasse valor tal que proveria as despesas de um trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, saúde, higiene, vestuário, educação, transporte, lazer e previdência. 

Ao considerarmos o custo mais elevado da cesta básica entre as capitais estudadas, calculamos mensalmente o valor do salário mínimo necessário para o atendimento das exigências constantes na citada norma legal. 

Apesar da redução nos preços da cesta básica em catorze capitais pesquisadas, o custo mais elevado da cesta foi registrado na cidade de São Paulo, que consta entre as cidades com preços em queda. Deste modo, em setembro, o salário mínimo necessário para o trabalhador brasileiro deveria ser de R$ 2.621,70. 

Com a redução em R$ 63,77 do valor estimado em agosto (R$ 2.685,47), o salário mínimo necessário corresponde a 3,86 vezes o salário mínimo bruto, uma diminuição de 0,10 pontos percentuais. Em agosto, a proporção foi de 3,96 vezes. 



Comportamento dos preços 

A variação equilibrada nos preços dos alimentos que compõe a cesta básica se traduziu em uma oscilação moderada no custo total da cesta, que foi de 0,48% em setembro. A batata foi o produto que apresentou maior alta de preços (3,44%), seguido por tomate (3,10%), pão francês (1,79%), carne bovina (1,43%), farinha (0,97%), banana (0,80%) e arroz (0,48%). 

As alterações negativas, em ordem crescente, foram notadas nos preços médios de sete itens, a saber, manteiga (-6,48%), feijão (-3,77%), café (-2,11%), óleo (-1,46%), açúcar (-1,39%) e leite (-1,11%). 

Os preços dos produtos agrícolas, como batata (3,44%) e banana (0,80%) mantiveram a tendência de alta observada no mês de agosto. No caso do tomate (3,10%), o aumento expressivo no intervalo de um mês foi consequência direta do excesso de chuvas nos mercados da região sudeste, onde estão os principais fornecedores para a capital, conforme dados do Ceasa. 

É possível que a demanda aquecida tenha acelerado o processo de redução dos estoques formados no período da isenção tributária do trigo (0,97%), o que contribuiu para 

a elevação de preços, que se mantiveram estáveis por dois meses após o término da isenção tributária concedida ao setor. O aumento no preço do cereal teve impacto imediato nos derivados, em particular no mais demandado deles, o pão francês (1,79%). 

Variações climáticas expressivas, com registro de geadas e excesso de chuvas nos mercados produtores brasileiros e argentinos, respectivamente, sugerem elevação de preços do cereal, apesar da baixa qualidade do produto. Segundo dados do setor, 130 mil hectares de trigo foram completamente perdidos no Paraná, em função das ocorrências climáticas adversas nos meses de julho e agosto deste ano. 

Arroz
No caso do arroz (0,48%), a exportação do cereal em meados de agosto - mais em função da impossibilidade de fazer as transações nos meses anteriores do que aumento da demanda internacional - alterou ligeiramente seu preço, mas a tendência de estabilidade nos preços permanece. Uma nova safra, com aumento na área de plantio, já começou a ser implantada no Rio Grande do Sul que é o principal produtor e fornecedor no país. 

Leite
O preço do leite (-1,11%) apresentou uma queda considerável no mês de setembro, apesar de um novo aumento da remuneração paga ao produtor no mês e do fim do período de entressafra. O volume de estoques, tanto do produto quanto do derivado, pode ter contribuído para que o preço da manteiga (-3,07%) reapresentasse uma redução expressiva. 

Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), desde o começo de 2013, Mato Grosso do Sul exportou US$ 3,700 bilhões em produtos. Desse total, pouco mais de 65% provem de quatro produtos, quais sejam, soja, celulose, açúcar e carne bovina, respectivamente. 

O ritmo de exportações fez com que o preço da carne (1,43%) aumentasse, ao contrário do observado no caso do óleo de soja (-1,46%) e açúcar (-1,39%). 

Açúcar
No caso do açúcar, o excesso de produção e estoques tem garantido certa estabilidade nos preços do mercado interno. O mercado externo, embora tenha aumentado sua demanda, não aumentou a remuneração aos produtores brasileiros – de acordo com o MDIC, a comparação da exportação em MS entre os períodos dos anos de 2012 e 2013 - aponta um crescimento da receita da ordem de 0,4% somente. O aumento da orientação da produção da cana-de-açúcar para a produção de etanol pode apresentar uma mudança de cenário no futuro. 

O plantio da safra 2014 da soja teve início em setembro, e segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o Brasil poderá ser o maior produtor e exportador mundial de soja. Os preços do óleo de soja, em se concretizando tal cenário, podem continuar estáveis, com variações pontuais, onde há um curto período de aumento, quebrando um ciclo maior de preços baixos. 
 

Apesar do empenho dos produtores e das entidades do setor junto ao Governo Federal, o café (-2,11%) manteve a trajetória de preços em queda, assim como o preço do feijão (-3,77%), cujas colheitas têm batido recordes em 2013. Há uma expectativa de mudança de cenário para os produtores do grão, que tem diminuído a área de plantio para a safra 2014 para dar lugar a soja. 

Fonte:Fetems com DIEESE


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