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Análise: Ensino para policial esbarra em tradições militares

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Por: Lucia Nader - especial para a Folha


O Brasil tem uma multiplicidade incrível de forças policiais. Da Polícia Federal à Guarda Municipal, passando pela Civil, Rodoviária, Portuária, Legislativa, Científica, há uma infinidade enorme de diferentes currículos, doutrinas e procedimentos policiais ensinados nas mais diferentes academias.


Os conteúdos variam e, não raramente, é possível encontrar até mesmo disparidades contraditórias entre eles.

Em todos estes casos diferentes, entretanto, há um traço comum e indelével: a imposição nas academias de um ethos militar que transforma agentes públicos em soldados de combate.


Uma das formas de minimizar este impacto tem sido o ensino do Método Giraldi, composto por lições teóricas e circuitos de tiro.


Por meio dele, o policial militar aprende a adotar uma série de métodos e precauções, antes de pensar em sacar a arma de fogo.


Além do Método Giraldi, a ideia de uso "gradiente da força" também tem ganhado espaço crescente nas academias policiais.


Por esta doutrina, o policial aprende a usar apenas a força necessária e proporcional à ameaça, ou à resistência que enfrenta -passando pela simples presença física, pelo uso da voz e por inúmeros outros recursos não letais.


MUDANÇAS CULTURAIS


A letra fria dos livros escolares, entretanto, tem pouco a fazer contra as tradições tão arraigadas.


Mudanças culturais na nossa polícia passam por caminhos mais complexos que o simples currículo.


Nenhum progresso no ensino policial será eficaz no Brasil se não estiver combinado com outras instâncias, como a corregedoria, responsável por punir os excessos e desvios; e a melhoria das próprias condições de trabalho dos policiais.


LUCIA NADER é diretora executiva da Conectas

 


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